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GAZA

ree

São reféns eles dizem

no escuro não há

corpo que tenha dona

a criança explode

as partes voam a testa não se lembra

do carinho só voa

os dedos no bolo

de aniversário voam

um dia a mãe cuidou

para que ficasse limpa

e forte

mas nem as roupas

nem os dentes

um mar vermelho

engole

e eu morta como elas

faço poemas

não agradeço a

deus pelos meus

é uma afronta: palavra

alguma dá conta

são quarenta e dois

quilômetros

quero o sono

profundo de décadas

para os anos que já

duram milênios

no lombo carrego

também esse fardo

é pesado afundo no

escombro e sangro as

páginas

por favor ao menos a

salvação do nome

mas não somos

benditos

sentada na louça

sanitária entregue e só

meu rosto afundado

entre as mãos eu já fui

menina

pedimos socorro os

braços se erguem

a compaixão é uma

benção

que nunca chega a

galope

[nunca chega]

relógios dinheiros

fogos não param

só corações.

 
 
 

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